Um dos fatores que mais contribuem para o sucesso ou o fracasso de um projeto é o relacionamento da equipe do projeto com as interfaces que representam o cliente, os financiadores, os fornecedores e a própria organização que patrocina o projeto.

É um equívoco comum reduzir a organização cliente ao indivíduo que a representa no projeto, a organização patrocinadora ao indivíduo patrocinador do projeto, cada empresa fornecedora aos seus prepostos e assim por diante.

Por conta disso, além da forma de operar de cada organização, as características pessoais dos indivíduos que as representam acabam pesando bastante neste relacionamento. Valores, vaidades, egos, expectativas, dentre outros ingredientes, formam o caldo das relações interpessoais, que impactam diretamente nas relações interorganizacionais durante o projeto.

Muitas vezes, o fluxo de ações dos projetos é engasgado ou até interrompido, quando estas interfaces não tem o poder de decisão compatível com as situações a que estão expostas. Nestes casos, geralmente, as interfaces sem poder de decisão precisam obter aprovação da alta administração de suas organizações mesmo para as decisões mais simples, acarretando prazos maiores para soluções que poderiam ser imediatas.

Por outro lado, a interface “pamonha” pode estar cumprindo um papel estabelecido pela organização que representa, encobrindo com sua aparente letargia as deficiências da empresa e ganhando tempo para a mobilização de recursos ou para a solução de problemas internos.

Ao utilizar esta prática, a organização prefere “queimar” o indivíduo que a representa para não “queimar” a si mesma perante o cliente, expondo suas próprias deficiências. Ao cumprir o papel de proteger por algum tempo a organização, o profissional sofre um inevitável desgaste com os envolvidos naquele projeto, que pode inclusive repercutir em sua reputação profissional no mercado de trabalho.

Além da falta de autonomia, visões diferentes, culturas diferentes, idiomas diferentes, estruturas organizacionais diferentes, níveis de cobrança diferentes, dentre outros fatores, podem influenciar de forma determinante no relacionamento das interfaces das diversas organizações envolvidas no projeto. Também internamente na organização podem aflorar diferenças, decorrentes de conflitos internos, competições por poder, legitimação de autoridade, apadrinhamentos e politicagem que prejudicam o bom andamento do projeto.

Os efeitos nocivos causados por estas dificuldades de relacionamento interpessoal e interorganizacional estão na raiz de um grande número de projetos mal sucedidos, o que torna imperativo que as organizações selecionem com cuidadoso critério os indivíduos que as representam e que estarão defendendo seus interesses nos projetos.