Efeito manada em Gerenciamento de Projetos

por Onevair Ferrari em 30.11.2016

Nos últimos anos tem havido muitos lançamentos do que vem sendo chamado de novas metodologias de gerenciamento de projetos, cada uma com proposta diferente. Algumas prometem ser mais enxutas, outras mais ágeis, algumas mais visuais, outras ainda mais colaborativas. Todas muito válidas na tentativa de auxiliar um público ávido por aplicação instantânea.

Para que possam de fato trazer os resultados prometidos, essas metodologias - ou abordagens - pressupõem para seu manuseio e aplicação uma consistência conceitual pré existente. Porém, é justamente aí que reside sua maior fragilidade, quando utilizadas por aqueles que se encantam pela sensação do plug and play, mas não dominam a base conceitual necessária.

Esta “comoditização” do Gerenciamento de Projetos leva à perigosa ilusão do esvaziamento da necessidade da base de conceitos e experiências e ao conseqüente desgaste deste campo do conhecimento, devido ao uso de atalhos displicentes aos seus fundamentos.

O apelo de aplicação imediata, indolor, sem muitos requisitos, vem conquistando multidões de usuários que, nus de fundamentos, são seduzidos pela simplicidade. Mas a simplicidade sem os necessários conceitos cerceia, limita, bloqueia e facilmente se transforma em “simploriedade”. A verdadeira simplicidade é resultado de uma visão ampla e da capacidade de identificar o que realmente interessa em cada projeto. É, portanto, autoral e não imposta. Vem de dentro para fora, da capacidade de sintetizar o que realmente importa em cada caso, mas sempre dispondo de um vasto repertório de escolhas.

Para construir um bom universo de referências, não basta seguir cegamente uma ou outra visão do que deve ser feito no gerenciamento de um projeto, como as práticas sugeridas por entidades como PMI, IPMA, APM e outros. Nem tampouco aplicar as técnicas oferecidas por uma ou outra abordagem isoladamente, como Agile, Scrum, Prince2 e outras. Muito mais valioso é conhecer o que cada uma dessas entidades e abordagens propõe e construir seu próprio repertório do que é possível e do que é necessário em cada projeto.

Neste sentido, as empresas podem aproveitar o melhor de cada framework e desenvolver sua própria abordagem, com as técnicas e ferramentas mais apropriadas à tipologia de seus projetos, alinhada à sua cultura organizacional e compatível com o contexto em que seus projetos são realizados.

Imagem: foto de Spencer Tunick

Onevair Ferrari, DSc, MSc, PMP é professor, consultor, palestrante, coach em Gerenciamento de Projetos e diretor da Nexor.
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