Bad Guy & Good Guy

por Onevair Ferrari em 27.04.2017

Um dos pontos que merecem maior atenção no gerenciamento de projetos é a interface entre a equipe do projeto e os outros stakeholders que participam direta ou indiretamente do projeto. Definir de forma adequada quem da equipe do projeto deve interagir com cada um dos principais stakeholders, em seus diversos níveis de ação, poder e influência, é mais uma tarefa estratégica do gerente do projeto.

Faz parte desta tarefa, estabelecer até onde cada um da equipe do projeto deve agir na solução de possíveis impasses e quando deve passar o bastão para o nível de cima. O próprio gerente do projeto também deve ter clareza dos limites de sua atuação, especialmente frente a representantes do cliente, representantes do financiador, representantes do poder público e representantes do alto escalão da sua própria organização. Depois da red line, assume o patrocinador do projeto, devidamente provido de todas as informações necessárias, fornecidas pelo gerente do projeto.

Em alguns projetos, percebe-se também a divisão de papéis entre as interfaces, uns fazendo o papel de bad guy, outros fazendo o papel de good guy, ao melhor estilo morde & assopra. Por vezes, esta definição de papéis é tácita; outras vezes, resultante natural da personalidade dos indivíduos. Na maioria das vezes, porém, é uma combinação clara entre os “atores” para realizar o que for preciso no projeto, preservando a relação corporativa.

Na relação entre cliente e fornecedor, esta estratégia é extensivamente utilizada. Há casos em que a interface mais frequente faz mais concessões – good guy – para não desgastar a relação, enquanto o nível de cima não abre mão de nada – bad guy. Em outros casos, os papéis são definidos de forma inversa, com a interface mais frequente cobrando implacavelmente – bad guy, enquanto o nível de cima contemporiza quando necessário – good guy, para não desgastar a relação de uma empresa com a outra.

Esta artimanha pode ser observada, ainda, em muitas situações cotidianas, com funcionários difíceis, com vizinhos folgados ou mesmo no contexto familiar, quando um dos genitores coloca a prole na linha, enquanto o outro afrouxa um pouco, para que o clima não desande. Afinal, criar filhos não deixa de ser um projeto!

E você, costuma ser mais o bad guy ou o good guy em seus projetos?

Onevair Ferrari, DSc, MSc, PMP é professor, consultor, palestrante, coach em Gerenciamento de Projetos e diretor da Nexor.
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